Intenção de investimento na indústria é a maior desde abril de 2014, mostra pesquisa da CNI


Intenção de investimento na indústria é a maior desde abril de 2014, mostra pesquisa da CNI

Sondagem Industrial aponta que os empresários estão otimistas e esperam o crescimento da demanda, do emprego, das exportações e da compra de matérias-primas nos próximos seis meses

O índice de intenção de investimentos da indústria brasileira aumentou 0,6 ponto em janeiro frente a dezembro e alcançou 56,1 pontos neste mês, o maior nível desde abril de 2014, antes do começo da recessão recente. Foi a quarta alta consecutiva do indicador, que está 3,1 pontos acima do verificado em 2018, informa a Sondagem Industrial, divulgada nesta sexta-feira (25) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O índice de intenção de investimento varia de zero a cem pontos. Quanto maior o indicador, maior é a disposição dos empresários para investir.

“O aumento da intenção de investir do empresário é uma excelente notícia. A concretização destes investimentos geram mais emprego, mais produção e mais renda, dando condições para que a indústria, e a economia como um todo, não só apresentem taxas maiores de crescimento, mas, mais ainda, trilhem um caminho de crescimento sustentado no longo prazo”, afirma o economista da CNI Marcelo Azevedo.

O aumento da disposição para investir é resultado do otimismo dos empresários em relação aos próximos seis meses. “As expectativas dos empresários, que já eram otimistas, tornaram-se ainda mais positivas neste início de 2019. Conforme a Sondagem Industrial, todos os indicadores de expectativas estão acima dos 50 pontos e mostram que os industriais esperam o aumento da demanda, do emprego, das exportações, e da compra de matérias-primas e insumos nos próximos seis meses.

O índice de expectativa de demanda atingiu 60,3 pontos. Foi a primeira vez desde abril de 2013 que o indicador superou 60 pontos. O índice de expectativa de exportações alcançou 56,1 pontos e é o maior desde fevereiro de 2010, quando começou a série histórica mensal. O indicador de números de empregados, que subiu para 53,1 pontos, e o de compra de matérias-primas, que ficou em 57,5 pontos, são os maiores desde o início de 2013.

Seguindo a produção em queda, a utilização da capacidade instalada caiu 4 pontos percentuais frente a novembro e ficou em 65% em dezembro. “Destaca-se, contudo, que o percentual de dezembro de 2018 é o maior para o mês nos últimos quatro anos”, informa a pesquisa.

A CNI prevê que a produção industrial deve aumentar nos próximos meses para a recomposição dos estoques, que, em dezembro, caíram para nível abaixo do planejado pelos empresários. O indicador de nível de estoques em relação ao planejado caiu de 50,2 pontos em novembro para 48,9 pontos em dezembro. “O índice de dezembro de 2018 é, inclusive, menor que o observado no mesmo mês na maioria dos anos”, destaca a Sondagem Industrial. Desde 2010, quando a pesquisa mensal começou a ser feita, 2016 foi o único ano em que o índice de dezembro foi menor do que o registrado em 2018.

SITUAÇÃO FINANCEIRA – A Sondagem Industrial mostra ainda que a situação financeira das empresas piorou no terceiro trimestre de 2018. O índice de satisfação com o lucro operacional caiu de 42,4 pontos no terceiro trimestre para 42 pontos no fim do ano e o indicador de satisfação com a situação financeira recuou de 46,9 pontos para 46,1 pontos. Os indicadores variam de zero a cem pontos. Quando estão abaixo dos 50 pontos, mostram que os empresários estão insatisfeitos com a situação financeira e com o lucro das empresas. “Os índices são inferiores aos do quarto trimestre de 2017”, informa a pesquisa.

Na avaliação dos empresários, o acesso ao crédito continua difícil. O indicador de facilidade de acesso ao crédito ficou em 38,3 pontos no quarto trimestre, praticamente o mesmo registrado no terceiro trimestre. “Com isso, permanece muito abaixo da linha divisória dos 50 pontos, o que significa dizer que o acesso ao crédito segue mais restrito que o normal”, diz a Sondagem. A pesquisa destaca, no entanto, que o indicador do quarto trimestre é 1 ponto maior do que o do mesmo período de 2017, mostrando que naquele ano as condições de acesso ao crédito eram ainda piores.

PRINCIPAIS PROBLEMAS – De acordo com a Sondagem Industrial, a elevada carga tributária, com 47,6% das citações, a demanda interna insuficiente, com 31,1% das respostas, e falta ou alto custo da matéria-prima, com 23% das menções, lideram a lista dos principais problemas enfrentados pela indústria no quarto trimestre. Em quarto lugar, com 19,3% das assinalações, aparece a falta de capital de giro, e, em quinto, com 18,2% das respostas, os empresários citaram a competição desleal.

Com a desvalorização do dólar frente ao real, a taxa de câmbio, que tinha 24,5% das assinalações, e era o quarto principal problema no terceiro trimestre, caiu para a 10ª posição do ranking e teve 14,3% de respostas.

Esta edição da Sondagem Industrial foi feita entre 7 e 17 de janeiro com 2.010 indústrias. Dessas, 834 são pequenas, 707 são médias e 469 são de grande porte.

SAIBA MAIS – Acesse a página da Sondagem Industrial para conhecer a pesquisa na íntegra.

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