Eletrobras e Correios são as mais atrativas no PPI


Eletrobras e Correios são as mais atrativas no PPI

Dentro do pacote de 17 empresas estatais anunciadas pelo governo federal no Programa de Parcerias de Investimento (PPI) para privatização, Eletrobras, Correios, Codesp, CBTU, Serpro e Dataprev são as mais atrativas, segundo as empresas de auditoria e consultoria Deloitte, EY (antiga Ernst & Young), KPMG e PwC Brasil.

Em entrevistas ao Valor, os representantes das companhias, conhecidas no mercado como “Big 4”, concordaram que a agenda de privatização é positiva e que alguns nomes já eram conhecidos, caso da Eletrobras, mas que a divulgação de uma lista oficial foi importante.

Além das seis empresas mencionadas, a lista inclui também Emgea, Lotex, ABGF, Casa da Moeda, Ceagesp, Ceasaminas, Ceitec, Cia. Docas de São Sebastião, Codesa, Telebras e Trensurb.

A Eletrobras é a que tem mais chances de ter um processo bem-sucedido. De um lado, desperta interesse do investidor devido ao seu porte e por ser do setor elétrico, e por outro há a necessidade do próprio governo de vender a companhia para cortar custos e aumentar arrecadação. “A Eletrobras vai sacudir o mercado. É um ativo gigante, com atrativo lá fora e aqui dentro”, comentou Elias de Souza, sócio para governos e serviços públicos da Deloitte.

Leonardo Dell’Oso, sócio da PwC Brasil, destaca que o governo brasileiro está focado no corte de custos e aumento da arrecadação e, por isso, a Eletrobras deve ser uma das primeiras. “A Eletrobras precisa de muito investimento, tem custo e exige injeção de recursos do governo”, disse Dell’Oso.

Maurício Endo, sócio-líder de governo e infraestrutura da KPMG no Brasil e América do Sul, destaca que cada empresa do pacote terá uma modelagem diferente, o que deve adiar as privatizações para o segundo semestre de 2020 e 2021. O caso da Eletrobras, contudo, pode ser acelerado, caso o governo opte por uma oferta pública de ações. “Nessa situação o processo de venda é mais fácil, como a BR Distribuidora “, afirmou.

Gustavo Gusmão, diretor-executivo de infraestrutura e setor público da EY, também considera Eletrobras, junto com
Correios, como as mais atrativas.

Endo detalha que os Correios tem exemplos em outros países. “É um ativo que, modelado corretamente, interessa, porque já foi feito em outros países e teve sucesso. O principal atrativo é a capilaridade, não só para a distribuição de cartas. O que gera valor é a distribuição de produtos do comércio eletrônico.”

Além das duas gigantes estatais, o mercado de infraestrutura, principalmente de portos e transporte público, é relevante. Segundo Endo, a Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa) e a Codesp, que administra o Porto de Santos, têm operações rentáveis.

A Codesp também foi apontada por Gusmão, que mencionou ainda a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). “É um setor ligado a infraestrutura, com várias operadoras de mobilidade urbana. Esse tipo de companhia tem um mercado mais óbvio, o de concessões metroviárias”.

As companhias de tecnologia Serpro e Dataprev foram mencionadas como atrativas devido a sua base de dados e por atuarem no setor de inovação. Para Elias de Souza, da Deloitte, as duas empresas atraem investidores nacionais e internacionais e são importantes no momento atual de reforma da previdência, onde é preciso ter acesso a dados.

Já Endo ponderou que apesar de relevantes, a Serpro e Dataprev precisam passar por um processo de transformação no ambiente de inovação. “O governo não vai conseguir transformar essas empresas e podem perder espaço e competitividade nos próximos anos. São as mais atraentes depois de Eletrobras”, disse o sócio-líder da KPMG.

As vendas da Casa da Moeda e da Lotex são mais específicas e podem atrair um perfil de investidor diferenciado para o Brasil, segundo Gusmão, sendo outras estatais estrangeiras para a Casa da Moeda e multinacionais de loteria instantânea para Lotex.

Compartilhar este post