ÁGUA MINERAL OFERECIDA EM CAIXINHA


ÁGUA MINERAL OFERECIDA EM CAIXINHA

Ao menos três marcas de água mineral serão oferecidas em caixinhas, com apelo sustentável

Mais um material vai disputar o pujante mercado de água mineral no país: o papel cartão, que dá forma às caixinhas longa vida. Pelas mãos da Tetra Pak, maior player mundial nesse segmento, as embalagens cartonadas serão usadas para embalar ao menos três marcas nacionais de água, uma categoria de produto que ainda é dominada pelo vidro e pelo plástico – o alumínio também estreou na concorrência neste ano. O apelo sustentável promete ser o grande diferencial da nova embalagem.

Viabilizar a água em caixinha no mercado brasileiro, que é o segundo maior para a Tetra Pak no mundo, faz parte da estratégia de diversificação de portfólio da multinacional, para ir além das categorias tradicionais de leite, sucos e néctares. Antes da água, a embalagem cartonada já havia chegado ao mercado de laticínios, com o lançamento do primeiro queijo em caixinha do país, pela Embaré, e da primeira bebida à base de iogurte que dispensa refrigeração, pela Betânia Lácteos. Outro segmento já está no foco, o de alimentos para animais de estimação. A estreia dessas embalagens no mercado nacional de pet food está marcada para 2021.

Considerando-se o volume total de embalagens produzidas pela Tetra Pak no Brasil em 2019, 45% eram de produtos identificados como “Beyond the Core”, ou fora do negócio principal. Cinco anos antes, esse índice estava em 34%. No ano passado, a operação local vendeu 11,5 bilhões de embalagens e exportou outras 3,2 bilhões de unidades. O faturamento chegou a R$ 5,6 bilhões.

Segundo o presidente da companhia no Brasil e vice-presidente comercial para as Américas, Marcelo Queiroz, o plano estratégico da Tetra Pak até 2030 leva em conta as tendências da indústria de bens de consumo, que é sua cliente. Mas também olha para o consumidor final, que cada vez mais vai buscar marcas preocupadas com as questões socioambientais.

As embalagens da Tetra Pak, destacou o executivo, atendem a esse critério: além de 100% recicláveis, são mais de 80% renováveis. Três quartos da caixinha correspondem a papel cartão proveniente de madeira cultivada e a embalagem produzida no Brasil leva ainda o polietileno verde (obtido a partir da cana-de-açúcar) da Braskem. Mas elas ainda levam alumínio e algum volume de polietileno de origem fóssil em sua composição.

“Foi até bastante rápido como os empreendedores abraçaram a ideia no Brasil. Acho que a proposta de valor sustentável foi o que mais seduziu”, contou o executivo, em entrevista ao Valor. Em meio à crescente atenção dispensada ao meio ambiente, também tem sido maior a demanda de empresas que não são de alimentos e bebidas por produtos associados a sustentabilidade.

Cliente da Tetra Pak em outras categorias de produtos, a Cia de Bebidas Poty lançou oficialmente na sexta-feira a primeira marca nacional de água em embalagem cartonada, a A9. De acordo com o presidente da empresa, José Luiz Franzotti, foi a multinacional que apresentou a novidade. “Também acreditamos na sustentabilidade. Então, acreditamos no projeto”, disse. O conceito de saudabilidade uniu a caixa longa vida à água alcalina, rica em vanádio e sais minerais, o que a torna mais saudável e produto premium, observou.

A paulista Poty já envasava água mineral em garrafas PET e reconhece que o índice de reciclagem dessas embalagens no Brasil é relevante – em 2019, chegou a 55%, o maior do mundo. Ainda assim, trata-se de um material de origem fóssil. “O grande diferencial [da caixinha] é a embalagem renovável”, explicou Franzotti. A inovação também justifica o custo mais alto da embalagem cartonada, disse.

Além de envasar a A9, a Poty planeja usar a linha dedicada à água em caixinha para prestar serviços a outros fornecedores da bebida, o que no universo da embalagem é chamado de “co-packing”. A empresa já está prospectando clientes, entre os quais redes hoteleiras e varejistas, interessados em oferecer o produto com marca própria.

De acordo com Queiroz, da Tetra Pak, o co-packing pode ser uma solução interessante para o negócio de água mineral em caixinha no Brasil, onde a legislação exige linhas dedicadas. Ao mesmo tempo, contou o executivo, a terceirização tem crescido em outras categorias de produtos e países. Em alguns mercados, há empresas especializadas em prestar esse tipo de serviço. Na Poty, o co-packing respondeu por cerca de 30% dos negócios em 2019. Neste ano, quando o faturamento deve ultrapassar os R$ 500 milhões, essa fatia deve ser maior.

As outras duas marcas de água que devem chegar ao mercado em breve são a Água na Caixa e a Simply Water. Com lançamento previsto para dezembro, a Água na Caixa vai disputar o mercado de água mineral fora de casa inicialmente em São Paulo (SP) e no Rio de Janeiro (RJ) – há conversas que podem levar o produto também para Belo Horizonte (MG) neste primeiro momento.

A startup paulista, fundada pelos primos Fabiana Szwarcgun Tchalian e Rodrigo Gedankien, está no meio de uma rodada de captação de R$ 3 milhões, que serão alocados na locação da máquina de envase da própria Tetra Pak e darão fôlego financeiro durante a etapa inicial de operação. No caso da startup, o modelo de co-packing não se mostrou viável. “O diferencial é o apelo de consciência ambiental”, contou Fabiana.

O interesse em trazer ao Brasil a água em embalagem cartonada, cujo mercado já se desenvolveu na Europa e nos Estados Unidos, nasceu em 2016. Os sócios, então, buscaram os fornecedores da caixa longa vida – Tetra Pak e SIG Combibloc são as duas grandes fornecedoras mundiais – e acertaram a parceria com a Tetra Pak, que naquele momento já considerava a água mineral uma categoria estratégica.

 

Artigo original: Valor Econômico

 

 

 

 

 

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