Pandemia abate mercado editorial, mas livrarias virtuais crescem 84%


Pandemia abate mercado editorial, mas livrarias virtuais crescem 84%

Participação das lojas físicas caiu 32% na receita das editoras em 2020, enquanto faturamento como um todo caiu 13%.

O mercado editorial teve uma queda de 13% no seu faturamento total em 2020 na comparação com o ano anterior, mostra a pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro que acaba de ser divulgada.

O número leva em conta as vendas para o mercado e para o governo, em valores ajustados pela inflação. Quando se olha apenas para as vendas ao mercado, a queda foi de 10%.

Os dados da tradicional pesquisa —realizada pela Nielsen em parceria com a Câmara Brasileira do Livro e o Sindicato Nacional dos Editores de Livros— consolidam o forte impacto que a pandemia do coronavírus teve sobre um setor que estava até então em recuperação após sucessivas crises de redes como Saraiva e Cultura.

O levantamento também mostra que a participação das livrarias virtuais cresceu 84% no faturamento das editoras no ano da pandemia, enquanto as lojas físicas tiveram uma queda de 32%.

Se a receita das vendas por comércio online era de R$ 502 milhões em 2019, ele saltou para R$ 923 milhões no ano passado, quando as livrarias tiveram que fechar por causa da quarentena.

“O varejo online se preparou e capturou boa parte do mercado, não só o do livro”, diz Marcos Pereira, presidente do sindicato. “Essa concentração leva a negociações mais difíceis, mas tenho observado um investimento grande também na abertura de novas lojas. Todas as vezes que o comércio consegue abrir, há um crescimento nas vendas das livrarias. O online vai capturar parte grande do mercado, mas nossa preocupação é criar um ecossistema saudável, em que a livraria física também seja valorizada.”

“Isso é algo que veio para ficar, e as livrarias vão aprender também a lidar com as vendas virtuais”, aponta Vitor Tavares, da Câmara Brasileira do Livro.

O resultado tem um ruído com o balanço anual da pesquisa Painel do Varejo de Livros, também realizada pela Nielsen, que monitora a receita pelo lado dos canais de comércio como livrarias. Naquela sondagem, a queda anual de faturamento foi de menos de um ponto percentual.

Este levantamento de agora, que mostra uma situação menos favorável, mede as vendas pelo lado da receita das editoras. Mariana Bueno, pesquisadora da Nielsen, aponta que “são pesquisas que conversam, mas não batem diretamente, porque uma olha o varejo e outra olha a indústria”.

O faturamento total no ano foi de R$ 5,2 bilhões, com 354 milhões de exemplares vendidos —uma redução de 18% em relação ao ano anterior.

A venda de livros didáticos teve uma redução de 15%. O setor com melhor desempenho foi o de obras gerais —livros de ficção, não ficção e autoajuda—, com alta de 3,8% em vendas ao mercado.

Em contraste com os didáticos, comenta Bueno, da Nielsen, esse são os “livros que a gente compra porque quer, porque gosta de ler”. “Temos que olhar para esses indicadores que são de fato positivos.”

Entre os recortes, o setor com pior resultado foi o de religiosos, com recuo de 18% nas vendas, muito afetado pela redução da abordagem porta a porta.

A queda no número de lançamentos também foi significativa, com 17,4% menos novidades que no ano anterior, apesar de todos os números de produção de livros terem decaído —a tiragem de livros impressos, como um todo, teve um recuo de 20%.

 

Fonte: Folha de São Paulo

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